Google Analytics

Um caminho trilhado no MUR

Raphaella Vasconcelos
Falar do Ministério Universidades Renovadas é falar de algo que está empregnado na minha alma; é falar de firmeza e orientação dos meus passos na caminhada em Deus; é falar de vocação; é falar da minha opção convicta e definitiva por um Deus Senhor amoroso, generoso, misericordioso que me fascina todos os dias! Dono da messe árdua de evangelizar o território acadêmico ao qual envia seus escolhidos e sem O qual os operários trabalhariam em vão!

Participava ainda do Grupo de Oração Pré-Universitário (GOPU), junto com a formação pioneira dessa categoria de GO do MUR, quando fui ao II ERUCC (Encontro Regional dos Universitários Católicos Carismáticos) que aconteceu em Maceió, em 2000. “Eu era pequena, nem me lembro, só lembro que” fui convidada a participar e, sem estar muito a par de como se daria, ou melhor, ao que o Senhor me chamava, eu dei meu sim. Estivemos lá e, no ano seguinte, passaram no vestibular para a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) metade do GOPU, quando comecei a entender melhor como se davam os GOUs (Grupos de Oração Universitários). O ano de 2003 foi meu ano de entrada na Universidade e antes de saber do resultado do vestibular, participei de um encontro do MUR/Maceió. Ali já assinei meu contrato de serviço ao Ministério Universidades Renovadas, tamanha era a certeza no meu coração de que o “treinamento” tinha acabado, e a partir dali era hora de avançar para águas mais profundas. Desde daquele momento já comecei a viver “os meus caminhos não são os vossos caminhos, os meus pensamentos não são os vossos pensamentos” (cf. Is 55, 8), pois estava participando do segundo encontro para universitários sem ser ainda e passei no vestibular com a média menor do que no ano anterior e concorrência de 15 por vaga, enquanto no ano anterior tinha sido de 11!

Bem, ao adentrar no campus, meu desejo maior antes de conhecer as disciplinas do curso de Ciências Biológicas, era conhecer alguém para falar do GOU e formar um. Depois de um ano e meio, encontrei duas pessoas do curso de Medicina que decidiram ir junto comigo abrir o GOU no CCBi (Centro de Ciências Biológicas), hoje ICBS (Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde). Lá, eu, Jucimara e Eduardo formamos o GOU “Vida em Abundância” que funcionava às quartas-feiras das 12h30 às 13h. Saía da aula de anatomia, que acontecia nesse dia, arrebanhando toda a minha turma. Avisava do GOU nas salas, colocava cartazes, enfim, com alegria e despojamento estava eu lá, cumprindo meu contrato, rs, por amor. Em algumas situações entrei em conflito com alguns professores que atacavam nossa fé de maneira desonesta e desleal. A alguns dei testemunho da fé por algumas literaturas (encíclicas papais) e a outros pelo modo enfático de rebater a maneira sórdida com que faziam os de pouca fé, abandonarem-na, sem direito de escolha. Por isso os GOUs precisavam continuar firmes e atuantes na graça de Deus! Já em 2003, no primeiro ano de curso, fui ao eu meu primeiro ENUCC que era o 8º e aconteceu em Goiânia – GO. Neste tivemos a doce de Patty Mansfield, pessoa que juntamente com um grupo de poucas pessoas, sofreu o derramamento de uma nova efusão do Espírito Santo de Deus na Igreja Católica. Em 2004, lá estava eu junto com mais de 44 luquinhas, numa viagem de 60h, até Maringá-PR para o 9º ENUCC e a comemoração festiva dos 10 anos do Ministério Universidades Renovadas no Brasil. Em 2005, sediamos o encontro nacional e para nós foi motivo de muita alegria e crescimento pessoal e espiritual, deixando em muitos luquinhas de muitos estados  a lembrança satisfatória e gratificante da calorosa acolhida sempre recordada com carinho. Lembro que nessa ocasião, assinamos o nosso nome em um camisetão de muitos metros e assim, Alagoas dava seu sim profético de compromisso com a missão e hoje, reconhecidamente, é o estado que mais se destaca na região NE.

E, quem é fiel no pouco, Ele confia mais! Dali passei a coordenar os GOUs da UFAL, onde tentava de tudo para atrair as pessoas aos GOUs, junto com muitos irmãos queridos que tinham muito amor, zelo e fidelidade à obra. No final do ano de 2005, assumi a coordenação diocesana de Maceió e fiquei com o cajado durante 3 anos. Entre muitos feitos do Senhor, através de nós - instrumentos insuficientes - cito com muita alegria a criação do GOU Sagrado Coração de Jesus da Faculdade Tiradentes (FITS). Vi esse GOU nascer e perseverar sob a coordenação de Carol Feitoza, uma moça doce e fiel ao chamado do Senhor que em uma tarde que tivemos uma conversa, decidiu com firmeza levar a proposta de abrir um GOU naquela Faculdade e assim foi feito. Agradeço o sim de Carol, pois naquela época, enfrentávamos, em oração, um arrefecimento nos GOUs e o GOU Sagrado Coração de Jesus veio como auxílio do Senhor para que eu não desistisse e não permitisse que os meus desistissem de perseverarem em levar a graça aos corações mais fechados e incrédulos. Outro GOU que nasceu nesse período foi o GOU Semente Sacramentada do CECA/UFAL. Hipolyana, Breno, Rodrigo e Júnior foram os corajosos pioneiros dessa empreitada. Louvado seja Deus pelo despojamento e destemor destes irmãos. Assim, a Universidade já estava “minada” em todos os centros do Campus da capital com potenciais anunciadores da doutrina de Jesus!  Em 2005, o MUR, pela primeira vez, teve contato com o DCE (Diretório Central Estudantil), formando chapa (Coração de Estudante) e concorrendo a oportunidade de renovar também essa instância da Universidade, o que não veio a acontecer, pois desistimos de continuar concorrendo , em virtude da desonestidade que vimos nos demais integrantes da chapa. Nesse período também, o Senhor nos deu a graça de fazermos nossa primeira viagem de avião para ENUCCs. Foi em 2006, no XI ENUCC, na TV Século XXI, na cidade de Valinhos, com a presença de nosso querido diretor espiritual, Pe. Walfran Fonseca. Estávamos em 12 pessoas somente, no entanto, no ano seguinte, eu e o já erguido coordenador estadual, meu amigo-irmão Witamar Agostinho, alçamos um projeto ousado de levar uma caravana de 55 pessoas! Assim aconteceu e comemoramos os 40 anos da nossa querida RCC (Renovação Carismática Católica), na Canção Nova, em Cachoeira Paulista, em 2007. Lembro-me, enquanto as pessoas eram acomodadas nos quartos da pousada, eu e o Wi contávamos o dinheiro pra saber se daria pra pagar tudo e vimos que faltavam R$ 600,00, o que não nos afligiu, pois já estávamos persuadidos que a graça era muito grande e nada ia nos faltar. No dia seguinte, ao contar novamente o dinheiro para entregar à dona da pousada, a quantia estava exata! Como apareceu os R$ 600,00? Isso é com o Senhor, rs! Irmãos, na missão de coordenação diocesana aprendi muito a me lançar nos braços do Pai, sem medo e sem reservas, como uma criança. De verdade, sem medo de ser muito feliz, pois em tudo na minha vida sentia Sua mão agindo, precisando somente do meu sim.

Em 2007, formei-me em licenciatura e bacharelado em Ciências Biológicas, quando pretendi o mestrado em Nutrição (Segurança de Alimentos e Análise Alimentar). O curso durou 2 anos, mas, parece que durou uma vida!! Precisei me ausentar de muitas atividades do MUR, pois o volume de trabalho aumenta consideravelmente, e o momento era muito propício e oportuno para que o Senhor continuasse talhando a vocação Universidades Renovadas agora, mais intensamente, na minha vida profissional. Fui demasiadamente perseguida pela orientadora, pois ela não suportava a firmeza e a convicção com que eu defenda minha fé e a nossa Mãe Igreja. Uma vez ela chegou a dizer que me detestava porque não negava minha convicção católica a ninguém e nem por nada! Enfrentei perseguições também na coordenação do curso, pois era a representante discente no conselho PPGNUT (Programa de Pós-Graduação em Nutrição) e precisei entrar com um recurso administrativo - pois queriam diminuir meu tempo de conclusão do trabalho - no qual minha querida amiga advogada Eliana Beserra, profissional do Reino, me ajudou. Apesar de ter ganho a causa, fui obrigada pela orientadora a defender com 23 meses e 29 dias, e o Senhor me foi fiel, pois defendi e fui aprovada, inclusive por um professor que se lembrou dos meus recados do GOU na sala de aula, quando eu tive aula com ele na graduação! Foi um tempo sofrido e doloroso, noite escura, a versada por São João da Cruz, um tempo de recolhimento para crescimento interior, mas ali, Deus me fazia enxergar Seus planos para a minha vida, pela intensificação da leitura e meditação de Sua palavra. O desejo de evangelização continuava no coração, a vocação continuava latente na alma, mas as mãos, no momento, atadas. Mas, com o passar do tempo do curso, entendi que meu ambiente de evangelização, de ser GOU, era o ambiente de quatro paredes de um laboratório, onde só tinham leões rugindo procurando a quem devorar! Foi um tempo forte de lapidação, pois entendo que o sofrimento nos permite fazer cair as escamas dos olhos e enxergarmos o plano de Deus na nossa vida. Deus me chamava a ir mais longe na minha vocação profissional; Ele me chamava a fazer o doutorado. Mas como? Longe da minha família? De jeito nenhum! Se for até em Recife, eu vou, mas para o Sul/Sudeste, jamais! Depois de afirmar desse jeito, o sofrimento aumentou. E aí entendi que quando a gente entrega a nossa vida verdadeiramente ao Senhor, não tem como você tomar de volta, se você continua na missão, pois Deus se utiliza do nosso sim à missão para arrumar toda a nossa vida, dar sentido à nossa história e nos tornar completamente felizes em todas as áreas.

Então, na luta desigual, me deixei seduzir. Não bastassem os sinais, sentei-me um dia em casa, e perguntei francamente a Ele: “Senhor, não tendo mais como fugir, queria saber mesmo, hoje, se é de Tua vontade que eu busque o doutorado. Se assim o for, “irei para a China”, mas a Tua vontade eu vou fazer.” E então, abri a palavra em Ef 4, 11-13: “E Ele que concedeu a uns ser apóstolos, a outros profetas, a outros evangelistas, a outros pastores e DOUTORES, para aperfeiçoar os santos em vista do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, até que alcancemos todos nós a unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, o estado do Homem Perfeito, a medida da estatura da plenitude de Cristo.” Bem, irmãos, Ele foi muito claro, não tinha como mais negar, eu precisar avançar, custasse o quanto custasse. Era outubro e na mesma semana tratei de buscar possíveis orientadores na USP e UNICAMP. Em novembro de 2009, estava em Campinas/SP, em um Congresso de Alimentos, publicando os últimos resumos da minha dissertação, quando visitei uma professora da Unicamp. Ela me aceitou orientar, me informou os passou a serem dados e eu voltei para Maceió, muito feliz e confiante, pois já sentia com aquela vista o prenúncio do Doutorado em SP, pela UNICAMP. Visitei a USP na capital e a UNESP e Ribeirão Preto, mas o meu encantamento acontecido pelo meu hoje laboratório experimental. Chegando de viagem, escrevi um e-mail à professora da UNICAMP (Lara Durães Sette) agradecendo o contato e me comprometendo a fazer o próximo exame de seleção (junho/2010), quando ela me retornou o e-mail, em poucas horas, me fazendo uma proposta de um projeto do CNPq (com uma bolsa correspondente ao valor da maior bolsa de doutorado do país, concedida pela FAPESP) que ela estava esperando minha resposta para enviá-lo. Tremendo na base, agradeci e aceitei. Sem necessitar passar na seleção do exame de doutorado, somente com minha formação de mestre, esse projeto me proveria uma bolsa durante dois anos e isso me deixaria tranqüila e confortável para ir para São Paulo. Em dezembro recebi a notícia de que o projeto fora aprovado e que minha mudança para São Paulo aconteceria em 90 dias. Assinei o termo entre lágrimas, mas não poderia falhar com Senhor!  Eu recebi Dele a confirmação e não poderia voltar atrás. E assim aconteceu! Mudei para São Paulo em Março/2010 e ao chegar fui acolhida na casa da família Torsani, família que havia acolhido, em 2006, Witamar, Luiz Antônio e João Paulo por ocasião do XI ENUCC em Valinhos e após um mês, mudei-me para minha casa que consegui alugar por meio deles. Deus providenciou tudo! Em junho de 2010, me submeti ao exame de seleção de Doutorado em Biotecnologia da Universidade de São Paulo e, como promessa Dele cumprida, obtive êxito, e já estou finalizando meu primeiro ano de curso. Hoje eu sinto que o Senhor, através dos Seus, faz uma verdadeira restauração na comunidade acadêmica profissional, restaurando as muralhas, desgastadas pelo ceticismo e o esquecimento de Deus. Ele levanta uma nação santa qualificada na fé e na ciência e que proclama que Jesus é o Senhor, que utiliza essas duas asas (da fé e da razão) para alçar o livre vôo ao conhecimento, que em última análise é o conhecimento do próprio Jesus, Caminho, Verdade e Vida.

Irmãos, essa partilha é feita entre lágrimas e sorrisos, pedindo ao Bom Deus que derrame uma graça especial - por ocasião dos 15 anos do MUR/AL, pela fidelidade de Seu povo em fazer perdurar esse ministério por duradouros anos – na vida de todos nós: O DESEJAR PROFUNDAMENTE SERMOS DELE E DE FAZERMOS SUA VONTADE MESMO QUE SEJA SOFRIMENTO E DOR, SEM TEMOR ALÇAR UM LIVRE VÔO, POIS DEUS É FIEL E SE DÁ A NÓS NA MEDIDA DA ABERTURA DO NOSSO CORAÇÃO EM AMÁ-LO E SERVI-LO!
Por ocasião da Festa Memorial dos 15 anos MUR/AL e NE na alegria de servir ao Reino e de sermos irmãos em Cristo,

Raphaella Vasconcelos
Bióloga (UFAL), Mestre em Nutrição (UFAL) e Doutoranda em Biotecnologia (USP)
Coord. Emérita MUR-Arquidiocese de Maceió-AL